domingo, 17 de outubro de 2010

Será que as pessoas perceberam a real dimenção da Crise?

Será que as pessoas percebem a real dimensão da crise quando de facto vai muito para além da área financeira e económica? A maior parte da sociedade já esta em sofrimento de alguma maneira e não há forma de despertar as pessoas para uma consciência mais cedo?
Claro que seria o papel dos nossos lideres, que não temos, seria o papel das nossas forças sócias, que estão mais metidas em jogos de poder que em atitude de serviço, a crise toca muito mais fundo, e terá consequências muito mais graves, precisamente porque como diz Camões “ Fraco Rei faz Fraca Forte gente”, nós temos uma falta desesperante de lideres e temos uma sociedade montada numa espécie de Sebastianismo, nós sempre fomos messiânicos, neste sentido sempre esperamos a salvação que vem de fora, a salvação que há-de vir de algum lugar, um Dº Sebastião que vai chegar e que à ultima hora vai resolver tudo. Os nossos últimos Sebastiões não têm resolvido nada. Que pena que a Islândia não faça escola, porque acaba de citar o 1º Ministro a tribunal. Não há responsabilização politica e o que nós temos nos nossos lideres políticos são simplesmente jogos de poder jogos de influencia em que o nosso povo uma vez mais, e ai a atracão é maior, uma vez mais aceita porque em nome da defesa do povo, da defesa do direito dos trabalhadores, vamos ouvindo grandes discursos inflamados, estamos sempre assistir a jogos de poder que não vão resolver a vida dos pobres, que não vão sobretudo criar aquilo que urgente criar no sentido da solidariedade, no sentido de coesão nacional, o que se apela é sempre à fractura e só á explosão social, a crise quer dizer isso mesmo um momento de ruptura é um momento de quebra de começar a sonhar espaços novos, nos estamos a enfrentar desafios novos com soluções velhas, estamos a enfrentar situações terrivelmente complicadas e tentamos resolver os problemas com os mesmos profissionais da politica que nos trouxeram até aqui, seria este o tempo de despedirmos os políticos profissionais para colocarmos profissionais na politica. É desesperante ouvir o discurso de um deputado no Hospital de Penafiel, quando ele diz que os políticos são os que mais sofrem com o corte de 5%, isso é vergonhoso, não temos líderes em Portugal, não temos gente capas de galvanizar para um projecto de construção social, para um projecto de construção de consciência comunitária da vida.

A verdade é que os portugueses se habituaram a aceitar a ideia de que a crise vem de fora e que nós não temos culpa dela e depois que o sebastianismo ou esse Sebastião podem ser os apoios que o estado vai dar as pessoas que perderam capacidade de iniciativa vontade de iniciativa, e energia, que povo e esse? É uma deseducação o que assenta perfumadamente num tipo de cultura que é tipicamente nossa é o nosso “podia ser pior”
O caminho é só para a frente, para a frente e sempre a subir, infelizmente! O que está em causa seria construir um projecto social diferente, temos demasiados denunciadores e os anunciantes que temos mentem, quer falem português ou estrangeiro.
Esta vergonha do nosso primeiro-ministro cismar em falar Inglês lá fora, ele tem que falar português, é um desastre e, nós mandamo-lo limpinho com um fato feito no mesmo alfaiate dos senhores do poder em Angola e depois põe-se a falar daquele jeito.
Passamos imagens terríveis. Passamos imagens de uma classe política que não se respeita a si própria, que desrespeita o pais e que nos deixa internacionalmente numa situação muito mal vista. O segredo terá que ser outro, o caminho tem de ser outro, de construção de uma consciência social, de uma consciência colectiva, de co-responsabilidade social. Eu não posso ser “não perguntes ao teu pais o que pode fazer por ti, pergunta-te a ti próprio o que podes fazer pelo teu pais”.
Nós temos esta cultura o de alguém há-de resolver, a solução há-de vir de fora. Eu não posso fazer nada para mudar o meu destino.
Então eu sou assim e metido numa situação dum pais com nível baixíssimo
Estamos outra vez com essa mentira das novas oportunidades. Oportunidades de quê? De coisa nenhuma! Vamos dar um canudo às pessoas mas não vamos construir uma consciência cultural, consciência social, vamos continuar e esta é outra das nossas desgraças nacionais, nós vivemos na cultura dos penachos e das peneiras e dos títulos, nós perdemos o nome de baptismo passamos a ser Senhores Doutores Senhores Engenheiros e depois sabemos como alguns diplomas se conseguem, vivemos para a fachada.

Neste momento se Bordalo Pinheiro fosse vivo, a fotografia que ele faria do nosso pais seria de uma barraca de um bairro de lata com um submarino estacionado á porta, nós somos o povo das barracas com antena parabólica no telhado. Neste momento temos o país a cair de podre mas temos um submarino lindíssimo para as visitas verem, porque se calhar nem sequer temos fundos para o por a navegar.
O momento, este seria o momento não da aparição de nenhum messias, mas aparição de gente capaz de formar opinião, gente capaz de formar consciência, gente capaz de gritar que o rei vai nu por muito engravatado que esteja, gritar que é tempo de mudar, e mudar as estruturas podres que nos conduziram ate aqui.
Sempre que se põem em discussão algumas das garantias que o estado criou as pessoas assustam-se. De facto não sentem alternativa e evitam essa discussão, houve excesso de garantismo, excesso de facilitismo e o facilitismo começa desde o jardim de infância. Nós estamos a assistir á construção de uma devacle , uma devacle nacional. Nós estamos a montar uma escola, e teoricamente por ironia estupidez , é possível chegar ao fim entrar na universidade sem saber ler e escrever quase, estamos a mentir ás pessoas não estamos a dar um futuro aos nossos jovens, pior que isso, estamos a construir uma sociedade montada na fachada. Temos um governo que vive de fachada, temos um primeiro-ministro que parece Alice no pais das maravilhas, ele fala de um pais que não é o nosso. De facto vivemos para o penacho vivemos para o exterior. Estamos a construir e estamos a formar ou a deformar gerações que vão ser o futuro desta nossa terra que estão a crescer sem bases que estão a crescer sem valores que estão a crescer dentro de uma sociedade que esta montada no ter pelo ter que deixou e esqueceu o ser pelo ser, o ser pelo outro e o ser com o outro. Eu tenho que ter coisas a família está montada para ter num tempo e numa estrutura social e económica que não existe.
Nós estamos e vamos pagar facturas altíssimas!
Nós estamos a pagar uma factura tremendamente pesada, nós estamos a criar gerações de monstros, nós estamos a criar gerações de jovens sem memória estamos a criar gerações de gente sem história. E quando a memória e a história não se encontram nós temos os cataclismos sociais.
As nossas crianças desde os três meses estão no berçário, nos infantários, na escola, tem de estar porque os pais precisam desesperadamente de ter dois ou três empregos para sobreviver, os nossos velhos não tem espaço em casa porque se tiver o avo lá em casa tem de ir o frigorífico para a varanda e os nossos velhos estão nos depósitos de velhos. Reparem que a história dos novos e a memória dos velhos não se encontram.
As crianças não tem avós as crianças não tem sequer pais e o pai e a mãe tem de trabalhar desesperadamente 25 horas por dia se for preciso. É esta estrutura por dentro que precisa de mudar. É a partir da base de e a partir da educação.
Nós estamos a pagar outra das facturas grandes e são tantas que temos que pagar que foi o peneirismo nacional que entrou a seguir ao PREC e que resolveu acabar com as escolas profissionais as escolas comerciais desapareceram, as escolas industriais, desapareceram os técnicos, não somos técnicos de coisa nenhuma. Hoje um jovem sai do liceu não sabe fazer rigorosamente nada, temos a brincadeira dos cursos técnico-profissionais que são mais fachada se calhar do que eu outra coisa e temos uma população inteira de gente desclassificada, nós somos os limpadores do mundo os portugueses quando vão para a emigração continuam a ser limpadores do mundo, continuam a despejar os caixotes do lixo da Europa e da América do norte, não temos formação para mais é tempo de deixar de discutir trocos continuamente a perder tempo a discutir trocos, perdemos tempo a discutir jogos de poder é tempo da vergonha dos nossos políticos é o tempo de vergonha da falta de liderança na nossa terra.
Não temos Líderes não temos gente capaz de criar uma consciência nacional, temos vergonha da nossa historia, meteram-nos na cabeça que era pecado termos a historia que temos, temos vergonha da nossa historia crescemos colectivamente sem memoria e o destino se calhar é sermos comandados pela senhora Merkel 
Estamos a comemorar os 100 anos da Republica e se formos ver à historia os problemas que os republicanos discutiam naquele tempo, a divida do estado o problema da educação são os mesmo que temos agora porque nos recusamos a fazer memoria na historia, um povo que esquece a sua historia que não faz memoria da historia repete os mesmos erros e nós estamos ironicamente um século depois a reviver o que os nossos antepassados viveram no tempo da 1ª republica que nasce de um sonho lindo, nasce num banho de sangue infelizmente, mas nasce de um sonho bonito e de repente acorda-se num pesadelo. Acordamos e despertamos felizes e contentes com a alvorada do 25 de Abril e se calhar despertamos no pesadelo que foi o dia 26 a devaque e o cataclismo que foi a descolonização, tudo aquilo que nos aconteceu em termos nacionais neste povo que tem capacidade de lutar, tem fibra para lutar, tem coração, somos gente com coração, falta-nos de facto o líder.
Temos sentado no poder gente peneirenta da esquerda à direita, continuamos atavicamente estupidamente a pensar em critérios políticos de direita de esquerda, isto já não existe, está podre, acabem com isso, é ridículo é folclore, não temos dinheiro para mandar cantar um cego, mas temos a barra com o submarino estacionado à porta brilhante!

1 comentário:

  1. Um dos problemas é o facto das pessoas não se importarem. Está tudo demasiado aburguesado, passou o tempo das revoluções. As pessoas comentam e barafustam nos empregos, nos cafés, mas fazer algo que se veja, nada. Andamos todos a dormir e os gajos, claro, abusam.

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